Recebo muitas perguntas sobre a dieta low carb (dieta com redução de carboidrato) e dieta da proteína (dieta sem carboidrato). E aí? Elas são boas? Fazem bem? Fazem mal? Emagrecem? (Leiam até o final para entender o porquê dessa foto nesse post 🙂)
Vivemos culpando a quantidade de carboidrato por nosso excesso de peso ou por não conseguir emagrecer. E estamos sempre buscando fórmulas mágicas como a “farinha seca barriga”, máquinas que prometem definir o abdômen em 1 semana e suplementos que queimam gordura, em vez de olhar para as pizzas, sorvetes, cerveja e outras coisas que consumimos frequentemente.
Coloquem uma coisa na cabeça: nem o melhor suplemento do mundo ou um alimento “milagroso” são capazes de emagrecer alguém. Eles são parte de um conjunto de condutas. Parem de procurar fórmulas mágicas e desculpas para pular etapas de um simples processo que se chama: se alimentar bem.
Dieta low carb considerações:
1º: Em muitos casos, a quantidade de carboidrato não é o fator que está limitando o emagrecimento. Para quem tem uma PÉSSIMA alimentação, o primeiro passo é melhorar a QUALIDADE. É necessário retirar farinhas refinadas, açúcar, álcool, frituras e gorduras inflamatórias. E incluir frutas, verduras, alimentos antioxidantes, fibras e carboidratos DE BOA QUALIDADE, bem como controlar a quantidade de macro e micronutrientes para evitar falta e excessos. Com isso, os resultados na saúde e no corpo já são gigantes! Depooois, vamos observando a resposta do corpo e fazendo os ajustes necessários.
2º: Os carboidratos são a nossa principal fonte de energia. Com sua retirada total, nosso corpo busca outra fonte de energia para manter nossas funções vitais e para nosso gasto do dia a dia. Se tudo nessa vida fosse fácil, retiraremos o carboidrato da alimentação, queimaremos toda a nossa gordura e o problema mundial da obesidade estaria resolvido!
Quando tiramos o carboidrato da alimentação, até perdemos um pouco de gordura por não comer mais besteiras ricas desse elemento e gorduras ruins, mas nosso corpo, em certo momento, não quer perder a reserva de gordura porque ela é a nossa fonte de energia para sobrevivência
Então, passamos a utilizar proteína como fonte de energia. E onde estão as proteínas do nosso corpo? NOS MÚSCULOS! Sim, acabamos perdendo massa muscular, o que não queremos, né? Consequentemente, emagrecemos com flacidez pela perda de músculos. Mas é, sim, possível perder gordura corporal mantendo ou ganhando músculos, caso tenha uma boa distribuição de carboidratos, proteínas e gordura na dieta!
3º: Cada indivíduo é único e tem uma genética. O que funciona para seu amigo, parente ou musa fitness, não necessariamente funciona para você. É possível realizar exames genéticos para saber como você metaboliza cada macronutriente e se sua genética é compatível com dieta low carb.
Algumas pessoas metabolizam muito bem carboidrato e metabolizam mal proteínas e gorduras. Para essas pessoas não é válido reduzir muito ou retirar totalmente o carboidrato, e, sim, apenas ajustar a quantidade para evitar excesso de acordo com seu peso e nível de atividade física. Tente observar como seu corpo reage com diferentes condutas alimentares, se você está perdendo peso, inchando, o que modificou na sua saúde intestinal, como está seu emocional…
4º: O carboidrato está envolvido na produção da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e que ajuda no controle do apetite. Com isso, sua falta pode causar alterações de humor e descontrole do apetite. A pessoa que pretende emagrecer, já está insatisfeita com o corpo e por ter que modificar a sua alimentação (principalmente por pensar na palavra “dieta” como sinônimo de “restrição” e alimentos “sem graça”).
Com a retirada do carboidrato, há menor produção de serotonina, causando mais irritabilidade e podendo piorar ainda mais um possível quadro de compulsão alimentar. Sem carboidrato, há maior chance de não conseguir seguir o plano alimentar por muito tempo e de apresentar momentos de compulsão, seguidos de frustração por ter comido aquilo, gerando um ciclo vicioso onde o indivíduo só piora. Isso causa maior resistência à reeducação alimentar.
5º: Qual é o seu objetivo? Diminuir a gordura corporal, aumentar a massa muscular, melhorar o desempenho físico? Qual esporte, a duração e o momento do dia que você pratica? Seu trabalho exige que você se desloque ou trabalhe sentado?
6º: “Low carb” é diferente de “no carb”. “Low” é do inglês que significa “baixo” ou “redução” e “no”, também é do inglês, e significa “sem”. Ou seja, low carb significa REDUÇÃO da quantidade de carboidrato e não retirada completa! Hoje as pessoas generalizam e dizem que fazem dieta low carb, mas na verdade retiram quase completamente o carboidrato.
Portanto, dieta “low carb” pode sim ser efetiva e deve ser utilizada, mas não se esqueça que ela AINDA TERÁ CARBOIDRATO! Vários pacientes me falam na primeira consulta que fazem dieta low carb e, quando me contam o que comem o dia inteiro, percebo que não tem nenhuma fonte de carboidrato. Aí consigo entender o porquê de não conseguir manter essa dieta por muito tempo. Uma pessoa que come carboidrato em todas as refeições em pequenas quantidades e passa a retirá-lo do jantar, por exemplo, já poderia dizer que está fazendo uma dieta low carb.
7º: Escolha carboidratos de boa qualidade! Cheios de nutrientes e fibras! Por exemplo: aveia, quinoa, grão de bico, lentilha, feijão, batata, arroz… Aliás, comumente classificamos esses e outros alimentos como “carboidratos”, mas sabia que vários deles têm também bastante proteína? Sim, eles têm em maior quantidade carboidrato, mas muitos têm também proteína e fibras. Pois é, essa foi a descoberta da sua vida rs.
8º: Você deve estar até agora se perguntando o porquê dessa foto de pizza estar nesse post, né? Bem, não acredite que todo alimento ou preparação low carb é uma boa opção. Bacon e óleo de soja, por exemplo, são low carb, mas não são saudáveis. Algumas receitas doces low carb levam adoçantes artificiais como a sacarina, aspartame e o acessulfame de potássio. Ou seja, avaliem a qualidade real do que vocês comem e não se limitem a “com” ou “sem” carboidrato!!! Agora, finalmente, vocês vão entender o porquê da foto dessa pizza estar aqui: ela é uma pizza low carb com massa de couve flor que está lá no meu canal no YouTube (aqui).
Nesse caso, é ótimo porque a versão original é feita com farinha de trigo, que tem muito carboidrato e contém glúten. Essa do meu canal é uma versão feita com couve-flor que até tem carboidrato, mas bem menos e tem uma qualidade completamente diferente, não leva farinha, é super leve e gostosa que pode ser uma opção de lanche da tarde ou à noite.
9º: Dieta low carb é, sim, indicada, mas lembrem-se que “low” é redução! Nesse caso, avaliamos a quantidade total do dia, distribuição e horários! Assim, podemos fazer algumas refeições com e outras sem carboidrato. À noite, pode, sim, ser uma boa opção de redução ou retirada de carboidrato, mas depende de muitos fatores. Aliás, pode ser um tema para um próximo post! O que acham?
Por isso, cada caso é um caso que deve ser muito bem avaliado, pois envolve fatores genéticos, emocionais, comportamentais e culturais. E a ingestão de carboidratos deve ser feita nas quantidades ajustadas, sem excessos nem deficiência.
Se alimente bem, cuide do que você coloca dentro do seu corpo e o resultado físico é consequência natural!
Um beijo, fique com Deus e até a próxima! Ah, não se esqueça de seguir o meu Instagram @lealthaisa.